São José do Barreiro
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Nosso
destino dessa vez foi a pacata cidade de São José do Barreiro, no interior do
estado de São Paulo. Confesso que logo gostei do nome da cidade. Seu visual é
tipicamente interiorano: praça central, igrejinha, confortáveis bancos,
comércio no entorno e poucas ruas saindo a partir deste marco. O que fomos
fazer lá? Conhecer a entrada principal do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
SJB
fica próximo à cidade paulista de Bananal e seu principal acesso é pela Rodovia
Presidente Dutra (BR-116), seguida da Rodovia dos Tropeiros (SP-068). A cidade
beira a deslumbrante Represa do Funil, trecho do Rio Paraíba do Sul. Já a Serra
da Bocaina é setor da gigantesca Serra do Mar, assim como suas coirmãs Serra
dos Órgãos, Serra das Araras, dentre outras.
onde ficar
O Camping
Esse
daqui já começa na aventura! Chegamos à cidade próximo às 10h da noite. Logo
que avistamos sua praça central procuramos um lugar para nos informar sobre
onde poderíamos nos instalar e fincar nossa Toca. Fomos a um tal Restaurante Rancho São José do Barreiro.
Um local meio com ar do oeste, mas ainda com alguma sofisticação paulista. Uma
espécie de oeste do leste (?). Lá, o dono, que nos atendeu muito bem, disse que
haveria um camping não muito longe dali, mas que achava que fecharia as 11h.
Corre! Porém o mesmo, muito solícito, ligou pra própria dona Esmeralda para se
certificar e disse que estaríamos chegando logo mais. Chegamos à Pousada Dona Esmeralda, que, de fato,
costuma fechar seus portões as 11h da noite (lugar pacato, lembra?). O acesso é
uma estrada de terra de menos de 1 km, sem maiores preocupações (não fosse uma
vaca que se opôs no meio do nosso caminho).
O
camping – que também é pousada – é muito bom. Sua área verde é enorme e toda
plana. Fica no pé do morro, o que lhe garante uma paisagem especial a mais. Os
banheiros são amplos e com chuveiro quente. Há tomadas próximas a área de
barracas e uma cozinha comunitária. A própria Dona Esmeralda também pode servir
café com outros quitutes à parte.
aventura
O Parque
O
acesso ao portão principal do PNSB, esse sim, é mais penoso. Ali o Chorão
chorou. Um trecho, apesar de curto, bem íngreme e esburacado. Cuidado com seu
veículo! Em dias chuvosos, se não tiver uma 4x4, é melhor não arriscar e
estacionar pouco antes.
O
Parque é imenso e marca toda a divisa sul entre os estados de São Paulo e Rio
de Janeiro, indo desde a região serrana até o litoral na baía de Angra. É
cortado, de norte a sul, pelo rio Mambucaba e, além da parte alta – onde nos
encontrávamos – tem a entrada secundária por Paraty, no Rio de Janeiro. Logo,
existem zonas atrativas mais próximas a uma ou outra entrada, ou é possível
fazer a Trilha do Ouro, que acompanha todo o rio Mambucaba e pode ser realizada
em três ou quatro dias.
Pela
entrada de São José do Barreiro vimos que poderíamos conhecer as belíssimas
Cachoeira das Posses e Cachoeira do Santo Izidro. Também é possível seguir para
o Pico do Tira Chapéu, o ponto mais alto do Parque com 2.088 m de altitude. Mas
essa trilha deixamos para outro dia. Cientes de que a Cachoeira das Posses
ficava mais distante do que a Cachoeira do Santo Izidro, optamos por fazer
aquela antes desta.
A
trilha é tranquila e segue sem muitas mudanças de nível. É muito ampla e sem
caminhos secundários. Fizemos em cerca de 3h. A vegetação é típica de Mata
Atlântica, densa e com muitas variedades. Uma belezura! Para não dizer que não
passamos por obstáculo algum, num dado momento é necessário se transpor o rio.
Nada muito vultuoso: água na altura das canelas e o caminho é esse mesmo. Ao chegarmos
à Cachoeira das Posses nos espantamos com sua magnitude. É daquelas de
impressionar mesmo e botar “medo” pela sua força e dimensão.
Pouco mais acima,
antes de chegar a cachoeira em si, é possível ver o curso das águas antes da
queda. Até pousamos sobre sua pedra para fazer um sofisticado lanche apreciando
aquela imagem.
Porém sabíamos que boa mesmo para o banho seria a Cachoeira do
Santo Izidro e fomos até lá.
Toodaviiiia,
fomos impedidos por uma torrencial chuva que nos pegou no meio do caminho. Ah e
sabe aquele rio que atravessamos na ida? Pois é, estava maior! Mas tranquilo,
água agora na altura dos joelhos e vambora. Ficamos sabendo que a Santo Izidro
tem uma queda d’água ainda maior (90 m!) e com um grande poço a recebê-la. Todo
em areia, formando a típica praia. Deve ser mesmo ideal, mas a chuva tornou a
visitação inviável. É assim mesmo, tem que saber lidar com as intempéries do
tempo. Uns jogam futebol na chuva, nós fazemos trilha ;)
gastronomia
O que comemos
Logo
de manhã procuramos um lugar onde pudéssemos tomar café. Afinal, conhecer o
café local é se integrar com o lugar; é parte fundamental da trip para absorver
novas culturas. Encontramos, na praça central, um lugar... mas um lugar... que
charme. Biscoitos Mavic. Ali
encontramos nosso delicioso café (não adoçado), um pão na chapa e o omelete da
Lu. O café era tipicamente paulista, daqueles que te põe para acordar e ponto.
Ah e os biscoitos, sim. São muitos e todos caseiros. Quase todos com açúcar
mascavo e farinha orgânica, e opções como gengibre, milho, maçã e canela...
olha, uma gostosura! Difícil comprar um saquinho só. Ponto alto da gastronomia.
a noite
O tal bar do oeste
Lembram
do Restaurante Rancho São José do
Barreiro? Pois foi lá mesmo que voltamos na noite do dia seguinte, não
podia ser diferente. A mesma boa atenção que recebemos antes agora se confirmou
em bom atendimento e algumas boas conversas. Ah e o cardápio é digno de elogio
também. Fora a cachaça. Afinal, conhecer a cachaça local é se integrar com o
lugar; é parte fundamental da trip para absorver novas culturas (já li isso em
algum lugar). De início fui servido com uma cachaça boa, porém, ao meu ver, que
pouco veio a dizer. Salvo engano, era da grande cidade vizinha, Bananal. Porém,
pouco depois, no meio do papo, perguntei se haveria ali alguma cachaça local
mesmo. Pra minha surpresa tinha. Essa... essa sim! Olha, não é fácil dizer isso,
mas até hoje foi uma das melhores que esse palato aqui já tocou.
Fora
isso, ficamos sabendo que em SJB tem um carnaval muito bem movimentado e
animado. Para os amantes certamente vale a pena conferir.
Causo
Ao sairmos da cidade, já satisfeitos de tudo
que poderíamos ter feito, ficamos sabendo de uma tal Cachoeira do Formoso,
próxima a Rodovia dos Tropeiros, caminho para Bananal. Fomos lá, afinal
estávamos com tempo e conhecer nunca é demais. Chegando lá nos deparamos com
uma verdadeira cachoeira das famílias. Um lugar muito agradável onde parecia
que todos iam para curtir os dias de sol. A queda não era enorme. O volume
d’água não era imponente. Mas o banho estava garantido. Além de nos refrescar
por fora, tomamos um bom tereré num clima absolutamente campestre. Fazer
amizade também não foi nada difícil e logo estava tocando violão com um grupo
muito simpático que estava ali num bom churrasco. Aliás, foi do mesmo grupo que
surgiu a voz da sabedoria dizendo “aquelas nuvens vão chegar aqui logo e já
está chovendo na nascente. Melhor irmos”. Levantamos acampamento e deixamos
mais uma chuva regar a mata costeira. Lição: no campo a viagem nunca está
perdida e não fique em cachoeiras nos momentos de chuva.
sugestões de playlist: Dead or Alive – Bon jovi; Churrasco,
sertanejo e você – Fernando e Sorocaba
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